CAMALEÃO
O espetáculo não para
Para o ator respirar
E, se esquece da cena,
Tem que improvisar
O riso vem solto
A piada é de graça
Mas no seu interior
A tristeza não passa
Homem de carne e osso
Representa um papel,
Porque a luta diária
Não tem gosto de mel
Travestido no palco
Ele parece imortal
Mas quem pode dizer
Se ele está bem ou mal?
Nesse teatro da vida
Somos todos os atores
Mascarando as angústias,
Disfarçando nossas dores
E quando cai o pano
E o espetáculo finda
Vou lembrar que amanhã
A vida será mais linda.
Representei o papel
Do mocinho, galante
Do bandido cruel
E também o da amante
Sou um camaleão!
Quando abre a cortina
Nem me lembro mais de mim.
Está é a minha sina.
Cleusa Piovesan
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