Minha casa é o corpo dela

Eu não tenho casa

Não tenho paradeiro ou direção

Sigo sem rumo ao sabor do vento

Nunca estou onde estou

Pouso em qualquer lugar

Não deixo rastro nem marcas

Só palavras por decifrar

Me embrenho no breu da mata

Desapareço no fundo do mar

Hoje moro na ilha

Amanhã onde o vento soprar

Cresci feito planta

Concebido de semente perdida

Alimentado pelos elementos

Água da chuva bebi

Luz do sol absorvi

O sal da terra sorvi

Cresci frondosa árvore

E floresci

Hoje ofereço frutos

Espalho sementes de amor

Escondidas entre palavras

Mas eu não tenho casa

Não tenho aonde ir

Nem porque de chegar

Minha casa é o corpo dela

Terra fértil que espero desfrutar