ESPELHO

O vazio que ocupa,

A rejeição que se impõe;

O ódio, o bullying, a piada sem graça;

Ser forçado a se calar.

Quanta dor nós podemos aguentar?

A falta de algo ou de alguém,

Dos Passos ou das Patinhas,

De um momento ou de uma vida,

Do que já foi ou do que ainda virá.

Quanta dor nós podemos aguentar?

A miséria, a pobreza,

Material e de espírito,

A crueldade gratuita, arrogância, o desprezo,

Maltratar por maltratar;

Quanta dor nós podemos aguentar?

A lágrima no escuro, a solidão,

A tristeza sem explicação;

Pensamentos confusos, atordoados,

Sem chance de escapar.

Quanta dor nós podemos aguentar?

E se ninguém me vir, me entender?

E se ninguém me ouvir ou me encontrar?

E se eu for um ninguém?

E se ninguém me Amar?

Quanta dor nós podemos aguentar?

E se a ordem inverter

E o coração dilacerar,

E a Lágrima de Um Pai

Fizer a todos chorar?

Quanta dor nós podemos aguentar?

E se eu não conseguir pagar?

E se o corte arder?

E se a comida faltar?

E se eu não puder abraçar, agora ou para sempre?

E se eu não tiver mais tempo?

E se eu tiver mais tempo do que aqueles que eu amo?

E Se eu precisar de ajuda e você não enxergar?

E se eu não estiver mais, quando for você a precisar?

E Se eu não tiver ninguém quando me desesperar?

E se a tristeza vencer?

E se o freio falhar?

Quanta dor nós podemos aguentar?

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Uma singela homenagem a um amigo de infância que a depressão nos tirou esta semana, de forma tragica e inesperada.

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Para quem preferir, esta poesia está disponivel em áudio.