REGRADO
Quem dita as regras
de trânsito
e dos signos gramaticais,
do que pode
e do que não pode,
do sagrado
e do que é profano,
do que é
ou não é literatura?
Quem dita as regras
da decência
e do que é indecente,
da moral
e do que é imoral,
do currículo
e do que deve ser ensinado,
de que a ciência é exata
e a filosofia blá, blá, blá?
Quem dita as regras
do que crer
e do que duvidar,
do que é editado
e o que não se deve editar,
do que é democrático
e do que se deve censurar,
do que amar
e do que se deve odiar,
do que aplaudir
e o que se pode vaiar?
Quem dita as regras afinal?
Moisés e as tábuas da lei
descendo do monte Sinai?
Platão e o mundo ideal
em sua filosófica República?
Aristóteles e a metafísica
nos seus escritos no Política?
Maquiavel e seus ensinamentos
de como governar em O Príncipe?
Opa, me chamaram a atenção,
estou em um espaço, que pelas regras,
não é permitido questionamentos,
e regra é regra, e eu sou regrado!
(PENSANDO EM KAFKA)