FANTASIA
É fantasia leve e traiçoeira,
Fagulhas, faísca essa fogueira,
O ferro geme avermelhado,
É prova de fogo!
Olhos envaidecidos, cabelos caídos
como se fosse louco!
Estampa na cara a falsidade,
coisas raras são as verdades,
Palavras que perdem veracidades,
perguntas com pesos de tantas
maldades.
No pulso bate as contínuas
batidas das grandes cidades.
Pés amordaçados sem coragem,
o grito engolido pelo choro,
dor que não se compara com a
deslealdade,
Mãos que sujam a pele inocente,
assassinos livres das correntes!
A boca fechada pelo medo,
a morte corre atrás em desespero,
a vida luta até os últimos instantes.
Ninguém se importa com a gente!
O riso foi escondido pela covardia,
a dama foi trocada pelas ruas,
as princesas de Copacabana,
para rainhas dos valões empobrecido.
E os barões ostentando seus lixos!
O amor já vem armado com duas
facas nas pontas,
A cama se recorda das agressões
dos que dizem que ama,
o sexo é realizado a força,
os beijos lançados nas lamas.
As estrelas manchadas de sangue
e o mar presenciando todo drama.
O sol envergonhado não aparece,
o corpo ainda molhado suplica,
o lençol encobre a real brutalidade,
As sombras são as últimas testemunhas
das vítimas.
Não houve barulho!
Não houve briga!
A brisa canta suavemente o luto,
o céu cinzento despista a nostalgia,
as areias quentes sobre as águas frias,
o sol demente debate com as rochas nuas,
E as nuvens correm escondendo a lua!