Banquete de solitários

Banquete de solitários

Como é grande o mundo!

Como sou pequeno!

Aliás, estou pequeno!

Deve ser a dose do veneno

da solidão que provei

quando experimentei o amor.

Que dor, dói no peito

quando procuro alguém

e é o ninguém que vem!

Quanta gente no mundo!

Sozinho aqui é crueldade

Angústias ... Tristezas ...

Culpas ... Incertezas ...

Não cabem mais em mim

Preciso explodir uma vez

Milhões de pedaços meus

se espalhariam por aí

Onipresente ... Onisciente

Como está escuro o mundo!

Aliás, meu mundo está escuro!

Escuridão total! Atro profundo!

Meu brilho se apagando

aos poucos. Opaco eu

As cores do mundo

não as enxergo mais

Tudo está frio. Era glacial!

Minha chama consumiu-se

Não existo mais nesse mundo!

Longa queda abismal

leva-me a outro mundo

No mundo dos mortos

Sou o único vivo. Vivo?!

Logo serei um deles

Regrido-me à fase larval

Vermes devoram minha carne

Creio já ser verme também!

Milhões de pedaços meus

Milhões de vermes iguais a mim

À espera de outro pobre moribundo

Condenado à sombra sem fim

O calvário eterno das sepulturas

Onde uma cultura de vermes

deixam se ser solitários

quando se reúnem para o

banquete da decomposição humana.

@celsohenriquefermino

Celso Henrique Fermino
Enviado por Celso Henrique Fermino em 23/11/2020
Código do texto: T7118495
Classificação de conteúdo: seguro