Banquete de solitários
Banquete de solitários
Como é grande o mundo!
Como sou pequeno!
Aliás, estou pequeno!
Deve ser a dose do veneno
da solidão que provei
quando experimentei o amor.
Que dor, dói no peito
quando procuro alguém
e é o ninguém que vem!
Quanta gente no mundo!
Sozinho aqui é crueldade
Angústias ... Tristezas ...
Culpas ... Incertezas ...
Não cabem mais em mim
Preciso explodir uma vez
Milhões de pedaços meus
se espalhariam por aí
Onipresente ... Onisciente
Como está escuro o mundo!
Aliás, meu mundo está escuro!
Escuridão total! Atro profundo!
Meu brilho se apagando
aos poucos. Opaco eu
As cores do mundo
não as enxergo mais
Tudo está frio. Era glacial!
Minha chama consumiu-se
Não existo mais nesse mundo!
Longa queda abismal
leva-me a outro mundo
No mundo dos mortos
Sou o único vivo. Vivo?!
Logo serei um deles
Regrido-me à fase larval
Vermes devoram minha carne
Creio já ser verme também!
Milhões de pedaços meus
Milhões de vermes iguais a mim
À espera de outro pobre moribundo
Condenado à sombra sem fim
O calvário eterno das sepulturas
Onde uma cultura de vermes
deixam se ser solitários
quando se reúnem para o
banquete da decomposição humana.
@celsohenriquefermino