Finados

Finados por se ter terminado?

Mas ao fim de quê?

Pois que ainda que se tenha um começo

E um fim de nossa vida biológica.

Deste constatar tão simples.

Quão pouco sabemos do antes e depois?

Não desconhecemos, existe a fé, a intuição,

Mas a razão, a ciência ainda engatinha.

Temos conhecimentos revelados,

Geralmente éticos e morais,

Mas que se perdem em rituais vazios.

Nosso destino é sermos póstumos.

E vivos teremos a nos acompanhar saudades.

Uma contraposição entre presença e ausência.

A finitude sempre será um incômodo,

Pois que encontramos razão para justificar a vida,

Mas vemos a morte como algo sobrenatural.

Não seria também o nascimento sobrenatural?

A genética vem cada vez mais o fazendo científico.

Mas bastaria um encontro de células a formar um embrião?

Haverá um além a priori?

Talvez um além a posteriori?

E os que defendem a materialidade dirão que não.

Mas nossos sentidos têm sido potenciados,

Hoje vemos pela tecnologia o que antes era invisível.

Não desconheço explicações, não ignoro justificativas,

Mas não desdenho meu estado provisório,

Não desprezo a saudade das ausências.

E como meu quere é livre,

Não posso deixar de almejar o reencontro.

Tudo isto para então dizer,

Sim, finados!

Mas acompanhado de um cético:

Por enquanto!

02112020

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 15/11/2020
Código do texto: T7112528
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