O poeta em greve
O jardim que alcance a flor!, não escreverei uma vírgula. Percebam!, estou em greve.
Meu ofício é ter escolhas, sou livre!
Mandem-no medir a circunferência do pó, pois batatas ele há de plantar com sorrisos e logo estará a estorvar-me. Digam-lhe que os dedos se extraviaram, que rompeu o terraço a alma, digam-lhe qualquer coisa!, oras!
Tenho sonhado com a gente do interior. Vou-me embora, terei o verão como paredes, farei visitas inesperadas. Conhecem o Mar de Morros? são como os Lençóis, só que decorados verdes. Terei rendeiras de espírito, lavradores de jardim, serão minha única comunicação entre os dias.
Lembrem-se: hei de ter pressa e silêncio nos meus pés.
Ontem é só um pouco e tão longe.
Digam-lhe que deu praga à poesia, e asa.