Vende-se tudo ou nada

Pois assim que é a vida,

uma bofetada me espera

em casa esquina, escondida.

A preço de banana, levo um cacho

de ilusão, já bem madura

quase podre, mas é isso ou nada.

Quinta é dia de feira, freguesia

sem frescura, vendedor orgulhoso

da mercadoria que fascina

com a insatisfação.

Ando então, buscando, o quê?

Uma desculpa, mas hoje não

tem pra vender.

Na mistura dos gritos,

não sei quem vende, quem compra,

quem troca, quem usa,

quem abusa, mas sei quem tem

mais ou menos.

E quem não tem nada, leva o quê?

– Não leva, deixa!

Então eu fiquei.