A história do tempo da minha existência.
Eu quero lhe falar do meu tempo de menino, quando sonhava com as utopias.
Os meus pés eram superiores as grandes trilhas, vou lhe dizer o que pude imaginar, como foi a minha existência.
Tudo o que aconteceu com o meu tempo de jovem, muito melhor sonhar que viver.
Recordo das coisas boas, o meu caminho era maior que a minha vida, entendia a dor do canto, a ilusão do sorriso contemplativo.
Sabia por onde tinha que passar, pensar no amor naquele instante, seria como esquecer o futuro.
O sugestivo ponto muito pequeno, o tempo a interpretação do delírio naquele presente.
Qualquer lugar muito perigoso, não podia sequer imaginar a hermenêutica de Foucault.
Estudava Filosofia.
A razão estava instrumentalizada, pensar em Marx era suicídio, a minha cognição teve que ser silenciada.
Aquele lugar era estranho aos meus pés, os faróis representavam os fuzis, vocês desejam que a história seja repetida, que loucura seus encantos, a substancialidade da psicopatia.
No tempo de jovem tinha que fingir que estava aprendendo, hoje vocês sonham com retorno do silêncio.
Eles tinham vencido, perdi a minha voz em vossos lábios, então vocês me perguntam para onde foi a paixão?
Estava apenas encantado com a futura intuição, não sabia que o caminho poderia novamente ser repetido.
Hoje recordo da vossa doçura, da ternura do seu sorriso, a vossa alma refletida na invenção das ideologias.
Você sempre foi a contemplação dos meus sonhos.
Achava chique estudar Filosofia, sabia que Nietzsche tinha razão, melhor era ficar calado.
O medo de Sartre, as minhas recordações, não podia voltar aquela terra distante, como aprender com as velhas trilhas, novas intuições.
A doutrinação era formulada pela Escola de Chicago.
Sentia a primavera, porém, a estação estava longe, tinha medo das sombras, entretanto, procurava ser gigante.
Meus cabelos longos preso a vossa memória idiossincrática, seus olhos brilhavam, entretanto, não entendiam os sons dos trovões, eu estava muito perto de ti, você não sabia.
Todavia, o que mais me machucava era compreender que o fim poderia ser a continuidade.
Procurei fazer de tudo, até perder a minha existência, o objetivo a tragédia não poderia ser repetida.
A minha voz o próprio soluço, o murmúrio da indignação, a história voltou acontecer.
Agora com meus cabelos grisalhos minhas pernas frágeis, entendo que a vida é maior que a trilha.
Neste momento sei que o passado representa o presente, o novo é muito velho, o que me resta recorrer a psicanálise de Freud para refletir como o inconsciente formatou a consciência na perspectiva do engodo.
Tudo que estou vivendo, novamente, o substrato da ilusão metafórica.
Edjar Dias de Vasconcelos.