Eikasia: Vox et Praeterea Nihil
"Como é quente o coração mentiroso:
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Empreendedor, Vivaz, Espetacular...
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– Que outros adjetivos lhe são metonímia enquanto vendedores de
fábulas mortas?"
[...]
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Insinceridades à parte, é porreiro.
Assistir, às voltas, o Moinho-de-vento,
Quem sabe, fingir-se Cervantes
Enquanto sirvo às vicissitudes da morte...
À contragosto das possíveis desventuras,
Desmentir a metafisicidade do "Aahla"
Aparentemente à feição do lojista,
Não nos fará eudaimônicos.
Nada refletido no prisma ôntico
É menos real, em si próprio,
Que o candeeiro a inflamar-nos
A primeira labareda do impossível.
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Antes, somos a ilusão de fingir ser.
E desta, 'despertam' os que sonham
Maliciosas fantasias antínomas
As quais derivam meras existências.
Aforismos à euforia efêmera;
Do quase-tempo, sequer, recordam
Memórias do falso absoluto -
São ao homem prolegômeno e jazigo.
Corruptela anterior seria dizerdes:
Que de modo algum é mendaz o algoz
E, que afinal, é ledo o engano.
A mentira matriz é assumir mentir.
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Ilusionismos são a exegese do comércio,
É na idoneidade de um discurso
Que a alma se diz alma, e o homem vive!
Talvez por falta de adiáfora melhor...
Julga-se, solidário d'uma poíesis -
Irônica -, a conjectura enredada no cingir
Dos 'fatos' como lhes convir a retórica:
A pretensa arte da dialética [an]erística.
Pós édito o artifício, dita o cinismo:
— Cada qual a inverdade que suportar,
Contorcionistas e torcicolos idem,
Nada novo sob o céu de Espinoza...
Errata confissória:
"A alcunha de Cupido é só um capricho ao algoz disfarçado de poeta.
Ironizar também é mentir..."
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# Hernán I de Ariscadian - Eikasia: Vox et Praeterea Nihil
22/04/20~18/10/20
Forjães, Portugal.