0 PERDAO TÃO ESPERADO

Bem sabes que na quadra

Do momento, nao poderás

Tomar à força, o que queres

De bom grado

Receber:ser amado!...

Não podes olvidar

O que fizeste!

Nao basta quereres

Que te amem,

E que de papai te chamem,

Impondo que te deem

O amor que aos teus filhos ,

Nunca deste.

Não se cura com tardio afago,

No peito, a ferida!

Nao te envergonhas,

Nunca teres demonstrado,

Um pouco de afeto ,

Aos que sempre estiveram

Presentes em tua vida?

Renegaste aos que, devias

Ter amado com fervor,

Deixando-lhes órfãos de amor!

Se ainda insistes?

Nao sei declamar versos

Lacrimejantes de piedade,

Nem dourar a pílula,

Amainando a tempestade!

É morta a ilusão

De bem querência,

Na incoerência

A que te aplicas com denodo!...

0 engodo

De deitares falatório tão piegas,

Jurando amor, coisa que renegas!

Por que arrancar do galho

Ainda molhada pelo orvalho,

A linda flor, se morrerá

Triste, abandonada,

No jarro, aprisionada?

De escárnio, não sorrias!

Bem sentes, pai, a dor

Da associação

Que teus filhos

Fazem do amor

Que a eles negaste:

0 fracasso da afeição

Que nao sentias !

O tempo não corre desembestado,

Qual lebre veloz, audociosa.

Nao foge desesperado .

Se bem escolheres,

Ainda dá tempo de colheres

Do perdao -- a linda rosa !

Vai !

É o gesto

De ti, pelos teus filhos,

Há muito, almejado !

Pai,

Eles ansiosamente o aguardam

De braços abertos,

Para o perdao tão esperado!