DOS DEMÔNIOS

Tenho tentado, em vão,
Compreender a ganância.

Tenho sim,
Ensaiado medir o estômago dos avarentos,
Que imagino seja infindo, um buraco sem fim,
Diante da fome e a sede que ostentam.

Tento dimensionar a sede de poder,
Que tantos teimam em exercitar,
Suponho que engoliram todos os mares,
E que o sal corrói seus corações.

Tento sim,
Utilizar da arte da compreensão,
Vestir-me de empatia e me esconder,
Na mais funda entranha dos corruptos.

E ali caladinho, pensativo, reflexivo,
Só concluo pela desgraça que os assola,
Que os corrói, que os embebeda de todos os medos,
Exigindo-lhes absoluta devoção aos demônios,
A quem emprestam o corpo e a alma,
E entregam o coração e a consciência.