A LÂMINA DO TEMPO
Geme o corte
Em algum momento.
Sinto ainda o sabor
Da laranja partida,
O pescoço da galinha
No almoço à molho pardo.
Mato cortado,
Corte na carne,
A lâmina e suas faces
E a tal felicidade.
Tudo preso no tempo.
O suor das mãos
No cabo da faca
E as lembranças
Cravadas na história
À sombra da vida.
E o tempo corrói
A força do poder.
Sinto o ranger
Do fio da lâmina
Preso em alguma
Árvore no passado.
Passa a dor
Passa a ferida aberta
E o vigor da força
Que mata e constrói.