ADMIRÁVEL MUNDO VELHO
Em 1932, o escritor inglês Aldous Huxley lançou o livro intitulado: "ADMIRÁVEL MUNDO NOVO", onde previa um mundo completamente controlado pela ciência, desde o nascimento até o falecimento. Em 2010, vendo que as coisas não correram exatamente como ele previu, escrevi o poema:
ADMIRÁVEL MUNDO VELHO
Vem comigo para o admirável mundo velho
onde o cinza do céu é azul ainda, a não ser quando vai chover.
Vem, não tenha medo, a noite ainda é uma criança,
sem uma arma na mão dizendo: "Isto é um assalto"
com o ronco do estômago a gritar mais alto.
Vamos, não se assuste
nossos carros velozes são ainda carroças
suas buzinas o relinchar dos cavalos,
seu combustível, a mata farta que verdeja as margens das estradas
cujos resíduos não poluem a atmosfera
com os sinais sempre abertos para que a vida siga
rumo ao mundo novo mortal que a espera.
Sabe, eu entendo esse seu constrangimento
ante este mundo diferente da sua selva de cimento
sem petróleo, eletricidade e antibióticos,
sem desajustados naufragando em um mar de narcóticos
sem prisões abarrotadas de infelizes
provenientes das camadas mais baixas do povo
mal adaptados ao admirável mundo novo
como você se acostumou a ver.
Mas relaxe. O fio de bigode mudará em promissória
ao redor das fogueiras não se contarão mais histórias
o brilho das estrelas sumirá entre os anúncios
o lixo nas praias servirá como prenuncio
de que o admirável mundo, será novo outra vez.
Aldo Silva