DIGNIDADE NAO SE COMPRA
A dignidade é um bem
Intangível precioso.
Não se compra
Com nenhuma moeda de ouro.
É o mais rico tesouro
Da pessoa que não se corrompa.
Quem tem honra, não se vende,
Não se dobra, à vantagem
Ilicita, que a dignidade lhe ofende.
Não é fruto
Podre, da árvore contaminada ,
Diferente daquele,
Quem tem hábito de corrupto,
E mudar,
É como se "um camelo
Passasse pelo fundo
De uma agulha".
Já vi boi voar,
Cantando lindas toadas,
E a vaquejada
O acompanhar,
Cordata e mansa,
Enquanto devagar avança,
Sequindo a boiada,
Rumo , ao rio da bacia
Das almas, juntando-se
Ao restante da manada.
Só não vi, quem tem
Mau costume de malandragem,
Escapar da bandidagem!
De tudo já vi, nos escaninhos
Do incompreensível ,
No que é possível
Acreditar porque eu estava vendo!...
Já arranquei laranja
Em pé de jaca.
A galinha da vizinha,
Vi, coitadinha,
Cair na faca,
Virar canja,
Junto com os pintinhos
Na fraquejada.
De tudo já vi, no obituário
De indecência:
Assasti, a segredos inconfessáveis,
Até então intocáveis ,
Mesmo guardados
A sete chaves,
Desmoronar, descortinando
A podridão sobre os quais encobria!
Nada me é surpresa...!
Assisti pela mao invisível
Do imponderável,
Àqueles inesperados vazamentos
Sendo revelados,
Pondo as cartas na mesa,
Mostrando o aviltante
Jogo de cartas marcadas,
Uma tremenda marmelada,
0nde o juiz
Fazia suas apostas indecentes!...
Tinha todas as fichas na mão:
Bancava, comandava o jogo,
Sendo comandante em chefe da execrável
Maquinação diabólica arquitetada,
E numa só tacada,
Algo que excedia
Os preceitos da falta de pudor--
Era árbitro, técnico e jogador
Do time adversário,
Na mais infame partida
Dsputada!
Seguindo o roteiro pasmante,
Vislumbra-se a podridão
Que seu odor isala,
E a palavra implacável
E inflamante
Não se cala,
Desvela a verdade
Encoberta pelos escombros
Da descaração,
Caida sobre os ombros,
De figuras carimbadas,
Na ancoragem
De proteção a pessoas cujos nomes
Se predispuseram ocultar,
Numa clara obstinação
De blindagem
Aos que sempre foram
Da sua predileção
Político-partidária .
Nesta história cabulosa,
De cinismo e ação indecorosa,
De tudo já se viu,
E na escumalha do absurdo,
As máscaras cairam,
Os castelos dos falsos moralistas
De repente, ruiram.
Logo eles que se diziam probros
E combatentes ferrenhos
Na luta contra a corrupção.
Depois de aberto o boqueirão ,
Escancarar-se o alçapão,
E os nomes aparecerem nas listas
Da corrupção,
Erolando-os nas malhas da Justiça,
Com provas abundantes
Que eram larápios contumazes,
" Não vem ao caso " , a punição!
Jabulao encabulado,
Balançando a cabeça, me disse:
-- "Poeta , nao arrelia!
Nao vê que tudo é cretinice?
Ninguém me soprou nos ouvidos.
Convicção , tenho!...
A depender do acusado
É lenta e preguiçosa, surda
E muda
E A Justiça:
A balança dela enguiça!