POESIA MORTA

O poeta não busca afinidade

Com o absurdo prazer da presença.

Viveria o deleite da eternidade

Em busca do cheiro da rosa em sua ausência.

Mas a poesia morreu

Restando apenas fragmentos

pedaços de palavras maciça

E ainda com a massa tão leve

Que nem pode se sentir

Talvez, como poeta seja assim,

Essa coisa maciça, essa poesia esquecida,

Começando a secar em mim.

Como sementes jogadas ao chão

Na espera da germinação perfeita.

O toque suave da caneta e a mão.

Nas imagens que nosso olhar estreita.

O céu entrelaçado de visões

Cadentes repentinas que movem o dizer

E quando corro com o lápis a minha mão morre

Com a vontade doentia de também morrer.

Evito olhar os rastros que ficaram

De tudo que desencadeia meu viver

Mas, com o tempo descobriria,

Nesta infinita agonia

Que a poesia era você.

Silvestre Cantalice

https://www.deviantart.com/silvestrefilho