Eu nasci uma folha de papel em branco

Eu nasci uma folha de papel em branco

Podia ter nascido um poema de Drumond

Uma música de Tom

Ou uma pintura de Pablo

Mas nasci miseravelmente uma folha de papel em branco

Graças a deus!

Então me fiz o mais pálido dos aviõezinhos de papel

Pra ir onde o vento me levasse

Sem rumo

Me encantei com as cores

A chuva quase me derrete

O sol me desbotou um pouco

Um dia tive medo de continuar pra sempre uma folha de papel em branco

Então me colori desesperadamente

Depois desse dia pensei não ter medo de mais nada

Até que me apaixonei

Amei, sorri, chorei

Escrevi em mim mesmo a minha melhor poesia

Abracei os segundos do infinito

e aprendi cada dia eternamente

Aceitei sorrindo a beleza de não ser pra sempre

Não sou como Drumonds, Tons e Pablos

Por mais que exista em mim todas as cores do mundo

Sou como aquela Aquarela

Que um dia enfim

Descolorirá.