Se houver paixão
Quando a inspiração me vem,
não tenho tempo de inventar palavras,
decorar maiúsculas,
assentar os pingos,
apagar os erros.
Quero apenas pontuar idéias,
abraçar as rimas,
acentuar sorrisos
e esconder tristezas.
Quando a inspiração me vem,
os dedos dançam valsas no papel,
rodopiando em cores transparentes,
abençoando versos pelo céu.
Construo pontes pra ligar desejos,
contorno vidas pra não me perder,
faço de conta que nem tenho pressa,
mas não me engano a ponto de não ter.
Quando a inspiração me vem,
tento perder o medo de voar,
revogo as margens do meu pensamento,
imploro ao tempo pra vir devagar.
Corro com os dedos como num estouro;
as letras pulam como em oração
formando amor em frases desconexas
que só se encaixam se houver paixão.