A arte às vezes me constrange
Numa visão sobre o cerrado me apavoro:
as flores silvestres meu lugar ocupam.
Brilham inúteis, com a alma fora,
como uma forma ordeira de ser triste.
(A arte às vezes me constrange;
ou este tom lilás do meu pensamento em tudo)
O vento é o que vejo, e o que me importa?
Por que na ilha a primavera existe?
Sem o passar ansioso do comércio
a lhe botar preço e calendário.
(Ou a inspiração, o arranque de um relâmpago que fora a um segundo e que não mais exista)
A lucidez é falsa, como supõe-me a vista,
também as mãos, punhos fascistas!
Aos vermes, meu poema,
esta janela que fiz antes o trinco e que não fecha
mas que me faz um ruído feliz como quem ria.
(Ora, que insulto! eu quis falar de amor mas não podia).