Chorar sem lágrima
Hoje eu chorei sem lágrima.
Deve ser o limite do triste;
quando não há nem sopro de alegria.
Como sombra fosse alma;
como que alma assombra.
Nem o som do violino,
nem nada.
Nem o flambar do pôr do sol.
Nada.
Minhas pupilas cadentes
versam por horas.
Inúteis,
andantes,
qual passos em fuga;
trôpegas,
às bordas,
restadas.
Mas há uma esperança:
há a noite,
a me esconder.