JANELAS

O que há por trás das janelas da alma que tanto nos intriga?

O que há lá dentro que nos impede de nos conhecermos?

Talvez haja um grande vazio, cheio de incertezas.

Ou quem sabe, um monstruoso medo, peçonhento, devorador de sonhos.

Ou um simples e estimado comodismo.

Eu não sei...

Você já teve coragem para olhar?

De abrir as cortinas e pular janela a dentro?

Creio que muitos já fizeram isso, mas tantos outros, não. E o que tanto intriga estes, talvez seja, não querer enxergar a realidade de quem se é.

É mais cômodo viver escondendo-se do eu, do que encarar a verdade das mazelas encarceradas, tratadas como bibelôs.

É mais seguro adaptar-se ao molde da máscara, do que retirar os resíduos obesos da alma.

É sensato dizer que, o mais intrigante não é aquilo que está por detrás das janelas, mas sim, aquilo que está diante dos olhos e não se tem desejo, nem forças para modifica-lo.

Ou talvez, a morbidade do ego esteja tão confortável, que é quase impossível vislumbrar o buraco negro na qual a alma se afunda.

Bem diante dos olhos, do lado de fora da janela.