NÓS NÃO CONSEGUIMOS RESPIRAR

Acordado no meio da noite,

O dia é meu açoite,

Nessa madrugada possuída,

Aos poucos perdendo a vida,

Vírus maldito,

Deixando outra despedida,

Mais uma vida resumida,

Escuto um grito,

Meu pensamento,

Me fez acordar,

E a muito tempo,

Me faz sufocar.

O ar cada vez mais raro,

E o tom da doença,

Cada vez mais claro,

Essa já é a sentença,

Mesmo nem sendo julgado,

Mas não posso morrer sufocado,

Sem ao menos ter lutado,

Você se ajoelha para sentir o perdão?

Com o joelho na garganta até não sentir a minha respiração?

Mesmo assim ele já nasceu condenado,

E qual foi seu maior pecado?

Foi ter simplesmente respirado,

Vírus maldito que sufoca a igualdade,

Vírus maldito que tira o ar da liberdade,

Existe essa doença apertando meu peito,

Porque existe outra morte causada pelo preconceito.

Agora se imagine no lugar,

Existe esse vírus mesmo sem você acreditar,

Então enquanto houverem mortes por falta de ar,

A sociedade inteira vai sufocar,

E nas minhas últimas forças vou continuar,

Gritando e esbravejando "nós não conseguimos respirar",

A vida não precisa ser assim você não precisa ser desse jeito,

E se ainda não ficou claro eu estou falando do vírus do preconceito.