COGNIÇÃO ÍNTIMA
COGNIÇÃO ÍNTIMA
Não me olhe
assim,
desse jeito
convencido,
como se deveras
me conhecesse.
Como aprendo
a me conhecer,
por que
acha, então,
que me conhece?
Prefiro
que olhe-me,
e aprenda
a conhecer
minha alma;
tanto quanto
olho-te,
pra conhecer
também a tua.
Ninguém
conhece outrem,
sem que antes
se conheça.
O meu eu
se oculta
até de mim,
para que aprenda
a achá-lo.
Olhe-me,
mas lhe advirto:
não será fácil
achar-me,
assim como
conhecer-me
intimamente.
Olha-me,
e não sabe
como eu sou;
do mesmo jeito
que olho-te,
e não sei
como você é.
Temos
todo o tempo
de nos
conhecermos;
mesmo que
a morte
nos vença,
a vida
de além-túmulo
nos garante
o prosseguir
dessa
cognição íntima.
Antes
de morrermos,
fitamo-nos
com o nosso
olhar carnal,
para aprendermos
a nos conhecer;
tentando
penetrar
em nosso
labirinto interior.
Enquanto isso,
no espelho
de nosso
olhar carnal,
refletem-se
os anseios
de agradarmos
nossas buscas
cognitivas
recíprocas.
Adilson Fontoura