COGNIÇÃO ÍNTIMA

COGNIÇÃO ÍNTIMA

Não me olhe

assim,

desse jeito

convencido,

como se deveras

me conhecesse.

Como aprendo

a me conhecer,

por que

acha, então,

que me conhece?

Prefiro

que olhe-me,

e aprenda

a conhecer

minha alma;

tanto quanto

olho-te,

pra conhecer

também a tua.

Ninguém

conhece outrem,

sem que antes

se conheça.

O meu eu

se oculta

até de mim,

para que aprenda

a achá-lo.

Olhe-me,

mas lhe advirto:

não será fácil

achar-me,

assim como

conhecer-me

intimamente.

Olha-me,

e não sabe

como eu sou;

do mesmo jeito

que olho-te,

e não sei

como você é.

Temos

todo o tempo

de nos

conhecermos;

mesmo que

a morte

nos vença,

a vida

de além-túmulo

nos garante

o prosseguir

dessa

cognição íntima.

Antes

de morrermos,

fitamo-nos

com o nosso

olhar carnal,

para aprendermos

a nos conhecer;

tentando

penetrar

em nosso

labirinto interior.

Enquanto isso,

no espelho

de nosso

olhar carnal,

refletem-se

os anseios

de agradarmos

nossas buscas

cognitivas

recíprocas.

Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 18/09/2020
Código do texto: T7066309
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