À medida que me aproximo
À medida que me aproximo,
tal extramundana criatura
da lembrança ancestral,
virtualiza-se na retina úmida e salina
a história daqueles que um dia
já foram habitantes
deste planeta fatal.
Observem a criança que brinca na terra
e que com uma colher
e arqueológico fascínio
despropria os ossos de seus pais.
Vejam a descoberta daquele fim;
é bem recebida sim,
porém é espantoso a sua ignorância.
Olhos imemoriosos:
mais valia Funes,
ao falso eureka!
Seremos assim todos em anos
já contratados?
Esqueceremos dos fundadores
da humanidade?
Do primeiro violento, do primeiro apaixonado,
do primeiro juiz, do primeiro estouro,
da primeira promessa?
Se aqueles sabem
que mãos dadas
não carregam fuzis,
porque estes então continuam a dormir
sob o selado verniz?
12 de setembro de 2020
Santa Fé do Sul