Me perguntaram...

Me perguntaram se sou livre,

Respondi Sim,

Mas também sou escravo dos meus limites

Geográficos, financeiros,

Dos olhares sobranceiros,

Da rotina que não me deixa quite.

Me perguntaram se sou homem,

Respondi Sim,

Mas também sou a mulher que chora,

A criança que geme,

O velho que implora.

Me perguntaram se sou sábio,

Respondi Sim,

Mas também sou imaturo,

Procuro brilhar no escuro.

Quanto mais aprendo, menos conheço,

O que era inútil agora tem alto preço.

Me perguntaram se sou moderno,

Respondi Sim,

Mas também sou arcaico;

Não chego a ser mosaico,

Mas prezo pelo que está em desuso,

Sei que me é mais seguro,

E dessa forma não serei escuso.

Me perguntaram se me conheço,

Respondi Sim,

Mas estou tendo encontros recorrentes,

Com meu eu, com minha mente.

Nunca tive encontros tão ardentes,

Como estes de agora.

É chegado o momento de extravasar,

Chega de procrastinar!

Vou pôr tudo pra fora.