Sobre Setembros amarelos
Eu só queria que fosse exagero
que não houvesse um parasita na minha mente
implorei pra ser um conflito passageiro
e não uma guerra que talvez dure eternamente
E mesmo descrente já clamei a tantas divindades
pedindo uma saída ou um descanso
o desespero me levou a tantas irracionalidades
mas nem suplicando houve um avanço
Quantas vezes tentarei me dissolver
buscando anestesiar uma dor que perfura?
Como removo essa maldição do meu ser?
Será que existe uma cura?
Só queria que tudo isso fosse um drama
apenas um momento de tristeza
cansa sangrar lágrimas na cama
é foda viver nadando contra a correnteza
Tem dias que, machucado, me deito
esperando a dor amenizar
dias que preciso adormecer o peito
ou ele berra tanto que não consigo suportar
E vão me falar sobre otimismo
e lembrar que tem pessoas em situações piores
é que a gente escolhe esse pessimismo
hoje mesmo eu acordei e decidi
esse dia não vai ser dos melhores
Mas eu nem consigo guardar o rancor
se não sentem, como poderiam entender?
e nem pra quem já odiei desejo essa dor
as mágoas, eu aprendi a esquecer
Não estamos falando “hey, vem me curar”
as vezes só uma conversa já consegue amenizar
mas não ousem estender uma ilusória mão
se inflar vossos egos é a real intenção
Já não aguento mais essas palavras de Setembro
que são mais vazias do que eu sinto por dentro
parem de querer se alimentar com curtidas
quando sequer entendem tais feridas
As tempestades não esperam Setembro chegar
e qualquer dia pode subir o alerta amarelo
não precisam me dizer, eu sei que vai passar
mas só eu vi quantas vezes elas devastaram meu castelo