Falando de flores
Falando de flores
Para não dizer que não falei de flores
vou antes falar dos meus amores
me penitenciar nas minhas dores
me horrorizar com os meus pudores.
Vou me despojar dos maus momentos
desentravar meu pensamento
buscar na utopia um novo alento
e na filosofia um discernimento.
Para não dizer que não falei de flores
vou me deliciar com as muitas cores
que surgem num arco íris de odores
de fragrâncias, de flagelos, de temores.
Vou me policiar a cada instante
de plebeu vou me fazer infante
não vou ser tolo, chulo, deselegante
como o marido traído que virou amante.
Para não dizer que não falei de flores
que não falei da guerra e seus horrores
das minhas frustrações, dos meus dissabores
do paladar salobre dos meus suores.
Vou também falar dos meus sonhos
dos meus medos, dos meus demônios,
das minhas perdas, dos meus ganhos
nesse mundo cruel, desleal, enfadonho.
Para não dizer que não falei de flores
aceite esses botões de rosas multicores
que simbolizam as poesias, os valores
o início, o meio e o fim de muitos amores.