Falando de flores

Falando de flores

Para não dizer que não falei de flores

vou antes falar dos meus amores

me penitenciar nas minhas dores

me horrorizar com os meus pudores.

Vou me despojar dos maus momentos

desentravar meu pensamento

buscar na utopia um novo alento

e na filosofia um discernimento.

Para não dizer que não falei de flores

vou me deliciar com as muitas cores

que surgem num arco íris de odores

de fragrâncias, de flagelos, de temores.

Vou me policiar a cada instante

de plebeu vou me fazer infante

não vou ser tolo, chulo, deselegante

como o marido traído que virou amante.

Para não dizer que não falei de flores

que não falei da guerra e seus horrores

das minhas frustrações, dos meus dissabores

do paladar salobre dos meus suores.

Vou também falar dos meus sonhos

dos meus medos, dos meus demônios,

das minhas perdas, dos meus ganhos

nesse mundo cruel, desleal, enfadonho.

Para não dizer que não falei de flores

aceite esses botões de rosas multicores

que simbolizam as poesias, os valores

o início, o meio e o fim de muitos amores.

Flavio Jose Pereira
Enviado por Flavio Jose Pereira em 29/08/2020
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