Preciso ir
Logo atrás da porta será dia, o som fará volume às coisas e eu terei de ir além do espírito.
Queria eu sentar-me apenas às janelas dos jardins.
As cercas não seriam cercas se vadiassem o pensamento às flores; eu penso deixado a alma e ainda sou eu.
Escutem! vozes!
Alguns sons me parecem ser do poema seguinte
(Há um intervalo em que me devo inteiro e a isso eu chamo inspiração; a todas as outras coisas que penso não me apego tanto).
As coisas não escolhem ser das cores que lhes fazem nem as pessoas escolhem ter as vozes que lhes são; outro pensar seria desarrumar o universo.
Sê tua voz e feliz como a cerca cerca as flores ou as grades se divertem com os planos de fuga!
Já é dia,
preciso ir;
parece existir entre mim e a realidade um formigueiro.
Por que não sei apenas da janela as flores?
Mas conto em mim existir firme ao corpo,
como haveria de ser a rua dos caminhões.
Já é dia,
mal dormi.
O cansaço é um grito abstrato,
ninguém há de me ouvir,
a não ser que...
AHHHHHHHHHHHHHHHH!!!
Desculpem,
preciso ir.