A JUSTIÇA NÃO TEM LADO

Podem me prender,

Sou de mim mesmo -- ladrão!

Não me oponho,

Nas mãos da Lei me ponho

No incontinente ato de me render!

Sou culpado de um crime sem perdão --

Ter tido a crença de ser

Aquela tão badalada operação,

Isenta na luta contra a corrupção!

Como fora eu, um idiotizado,

Deixando-me pelas malhas da ilusão

Inocentemente envolver,

Bobamente enredado

Ao nao perceber

Que aquela turma estava

Dando trato à bola nada alvissareiro

Nos bastidores daquela fábula

Para iludir incauto e crédulo em falsos santarrões:

Alardeando que atacava

Ferrenha e tenazmente a corrupção

De todo o sistema político brasileiro.

Na mentira agiram como encantadores de serpente,

Ao ludibriar tanta gente

Que nao se deu conta que na manobra dos fanfarrões

Apenas um partido político era visado

Por quem sempre teve lado.

O outro lado -- aquele preferido lado

Por mais que fizesse algo errado,

Era sempre poupado

Por quem sempre teve lado !

Nessa intricada liça,

Pode-se ter lado,

O que há de errado?

Mas que esse lado

Fique do lado

Da verdadeira Justiça!

O lado que falta com o dever

De na querela não ter lado,

Prejudica o outro lado.

E, esse lado que protege

A determinado lado,

E a Justiça nao faz valer

O equilíbrio da balança,

Ao reverso, na injustiça avança --

Perseguindo o outro lado,

Chamanos larápio, esse tal lado!

A verdade

É que a Justiça deve

Só ter um lado: 0 lado

Da imparcialidade!