REFORMA AGRÁRIA
Tive duas oportunidades de conhecer um assentamento,
Uma, foi em Rio Bonito, lá tem grande empreendimento,
Têm assentados bem fortes, que lá tiram seu sustento,
Embora a terra seja pouca, eles não ficam no relento.
É gente trabalhadora que por anos amargou,
Uma vida de sofrimento, em barraco de lona morou,
Para ter esse pedaço de chão com o governo lutou,
Não é um bando de vagabundo, todos têm o seu valor.
Essa gente é organizada, tem até cooperativa,
Tem maquinário moderno, eles estão mesmo, na ativa,
Unem-se, respeitam-se, vários produtos cultivam,
E nos domingos, na igreja, mostram que sua fé está viva.
Em outra ocasião, conheci o assentamento Missões,
Um nome bem apropriado para quem sofreu perseguições,
Para se libertar e lutar por seu sagrado torrão,
De andar de cabeça erguida e mostrar sua educação.
Lá também vi gente boa, que estuda e que trabalha,
Tudo muito organizado, a vida é uma batalha, j
Já cedinho estão na lida e ninguém “dorme na palha”,
Sabem de sua obrigação, sua voz é sua muralha.
Foram vinte anos de luta até terem sua terra,
Mas, ainda num saiu, a escritura definitiva dela,
Empaca nos órgãos públicos, com a grande burocracia,
Que empaca a vida do povo, sem nenhuma diplomacia.
Poema publicado no livro "Não diga que a poesia está perdida"(2016)
Cleusa Piovesan
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