PRAZERES IMORAIS

Há dias em que sou mais eu do que “sempre”

Porque “nunca” é um lugar que não existe

E só me perco dentro de mim.

Comprazo-me na inveja de olhares mortificados

Deleito-me na cobiça de olhares maliciosos

E meu olhar se perde na necessidade de me encontrar.

Liberto meus vazios,

Espalho-me nos semblantes opacos de rostos vazios

E regozijo minha alma na ansiedade de quem não vive.

Triste retrato de uma sociedade que é infeliz com as conquistas e a felicidade alheia.

Os buracos negros da existência humana

Cavam-se nas atitudes mesquinhas de mentes manipuladoras

Que autodestroem e contaminam quem as rodeia.

Jogos de poder, nos quais o vencedor é derrotado

Pela doce e ilusória hipocrisia de estar vestido

Com a maravilhosa “roupa nova do rei”.

Retrato triste para quem o espelho da alma estilhaçou-se e não consegue juntar os cacos.

Poema publicado no livro "Não diga que a poesia está perdida"(2016)

Cleusa Piovesan

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Cleusa Piovesan
Enviado por Cleusa Piovesan em 19/08/2020
Código do texto: T7040284
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