DOSSIÊ ABUSIVO

Há um oceano de ingratidões que pairam na atmosfera,

Soluços íngremes tapeiam todas as retas dos sonâmbulos

E eu, amordaçado dentre as nuvens, enumero os ângulos

Por onde paralelas e perpendiculares darão cor à favela.

Há um batalhão de perguntas sem respostas pelo espaço,

Sinistras gargalhadas sorvem o néctar nuclear das horas

E eu sublevo-me perante as “n” estrelas que se enamoram

Pelo diocesano firmamento encarcerado pelo marca-passo.

Há inúmeras vitrines que fazem desfilar a moda sem átrio,

Os vulcões cósmicos lançam lavas de teor quase arbitrário

Sobre as encenações que a metafísica sempre se desfigura...

Há caramanchões líricos diante das trovas que se recitam;

Do mar, veem-se dilapidadas as ondas que estão parasitas

E, na areia, os ventos sopram poeira sobre a vida de usura!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 19/08/2020
Código do texto: T7039800
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