Toda noite eu sinto que o outro lado da margem me chama
Deixa-me falar da morte, e dizer que ela é uma jangada,
Que vai me levar para o outro lado da margem.
É privilégio saber que ela está vindo te buscar,
E ter tempo para deixar uma mensagem.
Muitas pessoas a comparam e imaginam
Com a capa preta, foice e o medo.
Mas deixe-me acreditar que é um mar
Imenso de descanso eterno e sereno.
Eu acredito no ser humano,
E espero que vivam como se o amanhã fosse o fim.
Eu sou tão grato por tudo que conquistei
E pelas pessoas que cuidaram de mim.
Eu não vou ficar desesperado, não vou.
Eu vou esperar bem paciente.
O frio gelado chegar ao meu corpo
E meu espírito começar a ficar quente.
Escrevo agora Antes que fique
Escuro e eu não enxergue mais.
Eu prometi não pedir para Deus mais chances
Porque ele já me deu chances demais.
Não, não estou desesperado.
Não há essa necessidade.
Sei que um pouco irei sofrer
Mas, sei que depois vem à liberdade.
Eu já fui muito bravo e corajoso.
Já provei e ‘desprovei’ muita coisa.
Eu, na minha passagem serei o mesmo.
Mas a caminhada será outra.
E está tudo bem, vai ficar.
E venho para deixar claro
Não se ‘coisem’, todos vão pegar a jangada,
Para nos levar do outro lado.