EPITÁFIO
Aos que amei e aos que me amam, o gosto da saudade eterna;
Não alimentei ódios, nem rancores.
Às pessoas que foram passageiras em minha vida,
A lembrança inconsciente do bem que me fizeram;
Dediquei-me a observar o comportamento humano e a tentar compreendê-lo.
Ao amor verdadeiro, a certeza de que ele é fugaz;
Ao amor de momento, a certeza da necessidade de vivê-lo.
Desfrutei de ambos, com a mesma intensidade.
À liberdade, o discernimento de que ela é uma utopia
Se não houver valores que a alicercem.
À vida, o desejo de que houvesse mais tempo para sugá-la em toda a sua essência.
À morte, a sapiência de que ela é inevitável
E de que jamais estarei preparada para ela ou a esperá-la.
Morri várias vezes, física e espiritualmente,
E quero que todos saibam que deixo esta vida, contrariada.
Vida e morte formam um elo indissolúvel, por isso tememos às duas.
Pensei muito mais na vida que na morte,
Não me detive diante das dificuldades, nem desanimei.
Lutei o bom combate.
A morte não me venceu; eu a aceitei!
Publicado no livro "Não diga que a poesia está perdida"(2016
Cleusa Piovesan
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