EPITÁFIO

Aos que amei e aos que me amam, o gosto da saudade eterna;

Não alimentei ódios, nem rancores.

Às pessoas que foram passageiras em minha vida,

A lembrança inconsciente do bem que me fizeram;

Dediquei-me a observar o comportamento humano e a tentar compreendê-lo.

Ao amor verdadeiro, a certeza de que ele é fugaz;

Ao amor de momento, a certeza da necessidade de vivê-lo.

Desfrutei de ambos, com a mesma intensidade.

À liberdade, o discernimento de que ela é uma utopia

Se não houver valores que a alicercem.

À vida, o desejo de que houvesse mais tempo para sugá-la em toda a sua essência.

À morte, a sapiência de que ela é inevitável

E de que jamais estarei preparada para ela ou a esperá-la.

Morri várias vezes, física e espiritualmente,

E quero que todos saibam que deixo esta vida, contrariada.

Vida e morte formam um elo indissolúvel, por isso tememos às duas.

Pensei muito mais na vida que na morte,

Não me detive diante das dificuldades, nem desanimei.

Lutei o bom combate.

A morte não me venceu; eu a aceitei!

Publicado no livro "Não diga que a poesia está perdida"(2016

Cleusa Piovesan

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Cleusa Piovesan
Enviado por Cleusa Piovesan em 14/08/2020
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