REINO DAS ESPIRAIS DE FUMOS

Meu amor ninguém jamais entendeu,

Inclusive eu ...

Desde o princípio trazia-me cavernas

E um pouco cisterna.

Amor de proprietário, dono da posse:

Entenda, se esforce,

Ao fundo sempre o ganido de um cão alfa

Cuja cauda se esfalfa.

Os cabelos se embranquecem,

O branco da claridade,

A claridade da clareza.

As coisas que nos acontecem

Mudam com a idade,

Aproximam-se de certezas .

A certeza de ser vulnerável

E a de busca do aconchego

De mar(quiçá do mais navegável),

Posto que repercutem ideais gregos.

Assim cavernoso

Descreio de quem veja

O que houver lá fora.

Tique meu nervoso

Faz-se até que seja

Face de um "muito embora" ...

O mar é tempo, marés,

E que entenda-te no que és,

De viés, nas ondas de onde

E quando sem perder o bonde ...

Eis que a caverna se alaga

E o mar lhe traz a vida.

Com este amor que larga

Visão far-se-á compungida.

Primeiros passos para o alto

À luz da caverna no sopé

Da montanha:

Coisa estranha,

Tudo vem a mim de assalto,

Encerro dilúvios, qual Noé.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 07/08/2020
Reeditado em 08/08/2020
Código do texto: T7028494
Classificação de conteúdo: seguro