A dor de não olhar
Quando a dor vem
É para nos aquietar
Ela chega quando outras dores
Não estão sendo ouvidas
Dentro da gente.
E o corpo fala: olha com carinho para a mente
Ouve o rumor da angústia e a deixa fluir
Vir e ir.
É preciso confiar:
Essa e as outras dores não vão ficar aqui para sempre
Mas, não se esvaem sem aquele ato de olhar
Para dentro de si e identificar
O que há de mais sensível, frágil e pequeno
Quase imperceptível
E aceitar...
E perceber o que há de maior e mais visível
(A saudade da liberdade
A ânsia por viver).
O que, por fim, dói mais
A dor de lembrar,
encarar,
Ou a dor de não olhar,
ignorar,
e tentar esquecer?