O FIM DO DIA

Nas margens do bosque o sol cansado ainda domina.

Dentro dele, pelas veredas cobertas de pedra, formam-se

os lajedos frios e tortuosos pelas mãos imprecisas do homem.

Eu pego o sol pela mão e tento caminhar com ele pelas ruelas

como um farol que pode me aquecer. Mas ele é expulso pelas

sombras sob a cumplicidade do silencio.

O frio toma meu corpo e meu espírito desprevenidos.

O sol contrafeito, deixa-se cobrir de horizontes e

mergulha atrás da terra, deixando um halo ocre cor de cobre.

As sobras do dia cobrem, então, de um escuro acinzentado a

paisagem de linhas indefinidas. O bosque enegrece subitamente.

Pássaros em dupla voam rápidos e precipitam-se no céu, tornan-

do-se invisíveis em segundos.

Há um comando que guia a todos quando o dia termina. Um

vazio enorme toma o espaço e meus olhos tristes, transportando

o vazio para dentro de mim.

Meu coração, mesmo sem ver, sabe que é noite e suas

palpitações começam.

Mesmo sabendo que ele voltará, o dia deixa em nós, um ar de

cemitério quando parte.

É que a ideia de finitude nos deprime e nos revela a falácia da eternidade.

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 05/08/2020
Reeditado em 24/10/2022
Código do texto: T7026810
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