INDOMÁVEL

Retiro espiritual, intelectual, emocional... seja o que for,

Faz com que eu queira esconder-me do mundo,

Perdida em reflexões, em busca de minha paz.

A natureza me acolhe com todos os seus encantos,

Dissipo dentro da mata todos os males, e sufoco o meu pranto,

Banho-me na cachoeira para purificar corpo e alma,

Conheço pessoas novas que me transmitem tanta calma.

Bom fugir, e deixar para trás os ranços de meu passado,

Não tenho, e não quero ninguém ao meu lado.

Um convite interior para ter tranquilidade,

Para esquecer os desamores e a falsidade.

Uma injeção de vigor, que resplandece em minha face,

Sem máscaras ou disfarces e me revele as verdades

Que fracassei em dizer, ou em omitir.

Consegui me destruir por caminhos sinuosos,

Por amores enganosos, por promessas ilusórias,

Por noites de sedução, regadas só a tesão, nada mais.

Deixe-me levar por meus instintos animais,

Embriaguei-me da libido e da atração fatal

Que dominou minha mente, meu ego suprairracional,

Vendando meus olhos, cerrando meus ouvidos

E calando minha boca com beijos e palavras fingidos.

Hoje careço de fé, no amor e na existência,

Estou intolerante, sem paciência, perdi minhas referências.

Estou em busca de um norte, não acredito em sorte,

Profecia, destino ou premonição. Só no acaso!

Meu caminho eu mesma faço, um dia desses me acho,

ou me distraio, ou me perco, ou me abandono.

Apenas uma certeza: só sei que não quero dono.

Estou igual potro selvagem, por aqui, só de passagem,

sem rédeas ou montaria, ou cabresto que me amarre.

Quem puder, que me agarre, mas não queira pôr-me laço.

Só quero o nó de um abraço para poder me aconchegar,

E, nas noites de luar, andar livre pelos campos,

Ouvindo os pirilampos, para em sintonia amar,

Sem limites ou barreiras. Só encantos!

Cleusa Piovesan

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