Despi-me, e daí?

Não preciso me vestir
Com essa roupa imunda
Que me querem impor
Não me cai bem
Não me visto com esse traje pérfido
Feito de tecido de última categoria
Envergonha-me aqueles que dele se vestem
E se cobrem pela insensatez sórdida
Desse pano sem fundo, sem fundamento
Sem rumo.
Que roupa é essa?
Desbotada, retrógrada
E ultrapassada
Não me serve
Nem para tapete
Deve ser rasgada
Com todas as suas manchas
De ódio, de rancor
De intolerância
Não sirvo nesses botões apertados
Sufoca-me a gola
Meus punhos sim, estão livres
Como meus gritos
Mesmo que contidos
Pela máscara necessária
Mas que não me cala
Diante dessa roupagem
Imensamente repugnante
Que não disfarça em nada
A péssima qualidade
Em que é revestida
Pobre alma, pobres ricos
Que vestem desse tecido
Irremediavelmente empobrecidos.
Ausentes a esperança, a decência
E a dignidade humana!
Ademar Sandim
Enviado por Ademar Sandim em 01/08/2020
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