HORAS

Nas horas largas das tardes calorentas

Morrem desejos, morrem amores

Morrem vazias lembranças

Onde ainda vivem as dores

Na hora sombria do ocaso

No lusco-fusco da memória embotada

Só a certeza indecifrável

De que se viveu para voltar a ser nada

Nas invernais horas perdidas do dia nublado

Vêm a saudade do que ainda há de vir

E uma lágrima escorrega em tênue fio

Molhando a dor de apenas existir

Na hora fria da secreta luxúria

Que envolve o corpo que delira e se contorce

Não há consolo nem prazer que acalente

As tentações de quem a realidade distorce

São tantas horas de emoções vãs

Numa mistura de sentimentos confusos

Que vêm embebidos da nostalgia das horas

Que nos escaparam na sutil troca de um fuso

Cleusa Piovesan

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Cleusa Piovesan
Enviado por Cleusa Piovesan em 01/08/2020
Código do texto: T7022909
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