As coisas de um poeta acreditam nele
As coisas de um poeta acreditam nele
pois são por ele forma definida:
um poema é um ser ornamental, reparem.
Também a sensibilidade que há nos outros:
o poeta vive pedindo emprestada a sombra dos amigos.
O exagero ele há de mover ao encontro das flores,
como um café partilha o cheiro,
e o abismo o céu.
Um pensamento dado ao campo supõe os verdes que faltem;
as manhãs imaginam um galo a sabê-las,
pois assim foi a criação do mundo;
o que é a noite senão a luz que já não tem o dia?
Faz o teu caminho passeando um sonho com um desvio perto;
eu deixarei versos,
pois tão somente à cata de um poema existo,
e um coração repousa igual no peito a todo mundo.