PACIENTE VÍRUS

O embotar dos pés áridos

tangendo os bois ariscos.

A iminência de uma fotografia em branco e preto.

Rachadura no triste obelisco.

A memória, escaramuças do viver sereno.

Cobertor de vozes,

cama de flores.

O par de tantos segredos de amores.

Se viver é isso, então entorna o caldo.

Amolece as tórridas retinas e arrefece.

O anjo da medicina vem e te fortalece.

Ele é artista da tarde. Ele brilha como um arauto.

Querem por assim dizer, polidamente, o controle do microrganismo.

Controle ao menos primeiro a sua mente.

E o resto será adicionado

como um sistema de um mecanismo.

Mecânico, gelo.

Esse micróbio no Sol se queima.

Arde enfim e chora convulsivo.

Ele sabe ser paciente e evolutivo.

E nós o que sabemos ser ?

Vinicius Santana
Enviado por Vinicius Santana em 29/07/2020
Reeditado em 29/07/2020
Código do texto: T7020098
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