FLUXO

Sempre andei, nunca em linha reta,

não quero o menor espaço entre dois pontos,

a pressa, prefiro o andar manso, devagar!

Meu andamento, não é marca de partituras,

é anárquico, daqui para lá, de lá para ali,

sem tempo marcado, não tenho onde chegar!

Como um ditirambo em procissão

estou sempre encantado por Dionísio,

erguendo, no delírio de minha alma,

taças e mais taças de vinho à Baco!

Desandado, não sigo caminho indicado,

discordo e discorro contra o acordado

em discurso deliberado pela moralidade!

Amo livremente homens e mulheres,

pedras, sol quente, chuva fria, flores,

principalmente as do mal de Baudelaire!

Não penso da vida algo planejado,

sem medir consequências, dou o próximo passo,

vivo improvisando, não tenho texto decorado,

minha vida é repente nordestino, rap periférico!

Assumo todos os meus feitos, certos ou errados,

não blefo, não trapaceio, nem tenho carta na manga,

não aceito o meio termo, quero o termo inteiro!

Não me importuno com o ruído,

no meu ritmo faço dele melodia,

e se descuidado tropeço na calçada,

do bamboleio do corpo faço uma valsa!

Não tenho ideias fixas, não sou aficionado,

prefiro vaguear no fluxo das palavras,

uma puxando e alterando a outra sem ponto final!

Numa de suas canções, Bob Dylan me diz,

que a resposta está soprando no vento,

mas o vento, enquanto ando, só inspiro,

e a única resposta que espero é a poesia!

Ando meu caminho, que nunca foi traçado,

feliz a cada passo de minha passeata solitária,

sinto, que por Deus, nada está destinado,

e cada esquina que dobro sou feliz,

pois sei que meu próximo gesto,

sou eu quem decido, ninguém decide por mim!

Antonio Marchetti
Enviado por Antonio Marchetti em 25/07/2020
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