Envergonhada
Branca como a lua
e luzente do alto privilégio
que é haver nascido
da cor que não a apontam
com infindáveis impropérios.
Eu sou favorecida
mesmo sendo pobre,
pois em meio àqueles referidos
pela cor, sou tida como superior.
Beneficiada, sim, eu reconheço!
O que eu fiz para merecer
tamanho apreço se em minhas veias,
assim como as de quaisquer pretos,
também flui sangue vermelho?
Apadrinhada sem padrinhos:
assim reverbera o destino.
Envergonhada, eu busco rimar
o perdão que a minha cor
não merece conquistar.