Preso a escuridão de uma nuvem branca.
Não sei o que devo refletir, a vida é uma coroa de espinho, um trilho sem fim.
O que faço, não vejo mais espaço, tudo que procuro não está mais em mim.
A felicidade não está mais aqui, uma tristeza enorme, essa terra é a Etiópia, o segundo país do mundo em coronavírus.
O tempo que procuro foi esquecido, a vida perdeu o seu significado, as vezes é melhor deixar de sonhar se for possível fugir.
Este instante não terá fim, a existência não está mais em mim, não é possível conseguir.
Melhor deixar tudo e sumir, acabou para sempre a utopia, outra realidade agora impossível construir.
Deixe o mundo passar, lá em cima uma montanha cheia de pedras, agora preciso seguir, este mundo não vai acabar, entretanto, será destruído.
Sinto cansado, massacrado, não sei ser párea, preciso desistir, o mundo não será mais mudado, tudo vai fluir para o mal, a vida uma constante exaustão.
Uma coletividade de gado, melhor deixar o mundo fugir, a realidade não será modificada, tudo está preparado objetivando uma grande pastagem.
Você nasceu para ser gado, não consegue viver a não ser berrando, chamando os leões devoradores.
Não creio mais neste mundo, nesta pátria odiada, não existe caminho, a estrada está cruzada.
Você é o entulho no meio do trilho, o lixo fedorento, neste momento estou sozinho, pisando em espinho, o vosso destino causa tristeza ao seu vizinho.
Estou vivendo um tempo sem futuro, melhor não pensar, você é o destruidor deste mundo.
Nada será resolvido, a estrada está vazia, não há outro caminho, você decidiu ser gado, restou a minha pessoa ser pastagem, razão pela qual devo fugir.
Eu quero desaparecer, esconder em uma nuvem presa no infinito, esperar a noite chegar, imaginar outro mundo e definitivamente partir.
Não acredito mais, sei que essa terra acabou, você é o culpado da minha desistência.
Não quero ser boi, não aceito ser ração, deste modo, sou apenas uma passagem.
Acostumei, ser solitário, caminhar sozinho, partindo e desistindo, não aceito fazer parte desta boiada.
Portanto, neste mundo, serei apenas a minha partida, nunca mais poderei sonhar.
Edjar Dias de Vasconcelos.