Acordo
Há em cada rosto uma ponte de pavor.
O desespero procura a fé
tão esquecida antes.
A inquietude, a miséria assolam
quem vai, foi ontem buscar o pão.
A mão crispada, os calos brilham;
são estrelas de um céu vazio.
O espaço reservado aos anjos
foi tomado pela poluição,
pelo trânsito de coisas esquisitas,
com causas estranhas ao homem.
Seu céu, meu céu
se transformou num quadro sem azul,
sem razão para ex-donzela lua,
deflorada inutilmente,
ser ainda cúmplice do amor
que pouco a pouco fez as malas
e foi ontem com olhos baixos.
Enquanto isso a paz
figura, apenas nos bailes dos dicionários,
par das esperanças, da fé, agora do amor.
Ah, Luz Divina afague o sol
e na escuridão faça seu brilho novamente,
enlace a humanidade em uma só palavra,
em um só grito de paz,
quem sabe de fé ou por um grande amor.
Mas enquanto não chega a hora,
quem vai, foi ontem;
quem chega, aguarda a hora,
o tempo da reflexão,
o acordar para a vida...
para a morte talvez,
sem ter conhecido a paz, a fé, o amor.
É hora de ficar à margem,
deixar que sigam os bravos,
os comandantes das guerras, pelas guerras.
ditar em nome das três palavras,
que não passam de palavras.