INSALUBRE

Cá estou eu,

Deitado sobre almofadas,

Acariciando o pensamento,

Lambendo das vicissitudes

Que somos obrigados

A suportar do quotidiano...

Aqui estou eu,

Opresso pela agonia

Dum dia a dia inescrupuloso

Em que as torrentes maquiavélicas

Se deitam sobre as consciências

Malfadadas e tolhem o bem-estar.

Assim sou eu,

Menestrel das combustões

Que dilaceram o epigrama

Da existência urdida

Pela mentepsicose das paixões

Estéreis dum tempo esdrúxulo.

Destarte sou eu,

O vilão de mim mesmo,

Opúsculo das razões permeáveis

Que desenham no círculo das emoções

O avatar demoníaco das trevas oníricas,

Coadjuvantes da maledicência secular.

Doravante possa eu,

No eclipsar da sobrevivência,

Capturar os diabetes sazonais

Que fazem de mim

Fantoche de deserdadas sensações

Cultivadas sob a égide da loucura.

Data vênia à minha inconsciência

Que não adormece sobre prados brancos,

Mas labuta sonhos ortodoxos

A fim de que nesta anacrônica

Reflexão que faço do meu ego

Seja uma anatômica depressão efêmera!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 17/07/2020
Código do texto: T7008121
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