Sobre esquinas e balões.

Eu paro numa esquina

Olhando pros dois lados

Se penso em atravessar a rua

Eu olho pras pessoas

Elas vem de todos os sentidos

Olhares ressentidos

Caras boas maldormidas

Procurando

Tempo dentro dos seus próprios tempos

Buscando sós, só um jeito de cuidar

Das próprias vidas

Buscando suas esquinas pra parar também

Todos se vão, se vem, se vão...se vão...se vem

Mas não fica ninguém

Tão sozinho, olho pro chão

E ainda me molho quando a chuva cai

Todos eles tem dentro de si, ainda

Um pouco dessa coisa linda

Cujo nome ninguém sabe

Talvez seja pureza, beleza, ingenuidade

Pode ser que seja oxigênio numa bolha de sabão

Gáz hélio dentro de um balão

Coisa gostosa de se ter, mas que não vem; só vai

A cada um lhes cabe alguns desses balões

Que vão se furar lá no espinho da rosa

Parado numa esquina...a rosa vem devagarinho...e fim

De espinho em espinho a vida vai modificando a gente

A vida, antes tão quente, hoje fria...vazia

Toda aquela gente, que vem de todos os sentidos

Perdendo às rosas

Um pouquinho dessa coisa boa

Que deixamos se ficar pelas esquinas

Sempre sem querer

Sempre que buscando apenas

Um jeito de cuidar das próprias vidas

Perco a pressa e penso

Que é essa a beleza da vida

E a natureza de todas as coisas.

Edson Ricardo Paiva.