PRISIONEIRO VIRTUAL

PRISIONEIRO VIRTUAL

Nada casual quando se é prisioneiro virtual

Encontro inevitável da tecnologia admirável

Ferramenta audiovisual de execução digital

Afluxo navegável de informação inesgotável

Imposição diária de discorrer até esmorecer

Motivo de ansiedade que dissocia a amizade

Prejudica o conviver violando o modo de ser

Limitando a criatividade e a ampla liberdade

Futuro da humanidade e a sua continuidade

No controle espiritual da inteligência artificial

Nova realidade que se firma na necessidade

Dualidade consensual na conexão existencial

O mundo cibernético, às vezes tão hermético

Revelou o talentoso, mas deu vez ao perigoso

Que se entrega frenético ao desprezar o ético

Exigindo do habilidoso o fazer mais cuidadoso

Marco Antônio Abreu Florentino

Poema crítico à atual situação de dependência humana aos recursos tecnológicos da informática, comunicação e do espaço cibernético onde, a despeito da real e justificável necessidade nas ações e atividades do cotidiano, estão isolando o homem cada vez mais dentro de si e do seu universo virtual, criando um maior distanciamento nas relações humanas.

Não sou conservador mas concordo com Martin Heidegger, um dos maiores filósofos do séc. XX, ao afirmar que o computador era o início do fim do sentido de humanidade. Cabe ao homem minimizar tal condição.

Não se nega a importância e imprescindibilidade desses recursos tecnológicos, principalmente em tempos de necessidade de isolamento social. Apesar de ter vivido no tempo em que não se usavam tais recursos, hoje não consigo imaginar como viver sem eles, porém, certas práticas e atitudes de exigência presencial humana podem e devem ser preservadas como um aperto de mão, um abraço e os olhos nos olhos, conforme disse Chico Buarque.

Não concordo com o atendimento médico à distância. Sei da sua possibilidade e viabilidade, mas penso como sempre procurei falar aos alunos e estagiários de medicina: nada substitui a presença do médico, o exame físico e as palavras de conforto, fé e esperança.

Poema dedicado aos pardais Cácio e Jaques, ao colega de trabalho Rogson, exímios profissionais da TI e ao meu filho Daniel, também profundo conhecedor de informática e que neste fim de semana instalou meu computador novo tão necessário para viabilizar meu trabalho remoto.

https://youtu.be/y8QG1Qj8oNk

(Rocket Man - Elton John)